Golpe do falso advogado cresce no Brasil e já afeta milhares: como identificar e se proteger

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Você já imaginou receber uma mensagem de WhatsApp de um suposto advogado dizendo que você tem um dinheiro para receber da Justiça mas que, antes, precisa pagar uma taxa? Parece boa notícia… mas pode ser golpe. E dos grandes.
O chamado “golpe do falso advogado” está se espalhando pelo Brasil, com criminosos cada vez mais ousados e bem-informados. Eles usam dados reais de processos judiciais para convencer as vítimas de que tudo é legítimo. O resultado? Pessoas enganadas, contas esvaziadas, e um problema que já virou pauta nacional.
Segundo dados da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), mais de 10 mil tentativas de golpe foram denunciadas em menos de seis meses. Só no estado de São Paulo, foram mais de 1.600 registros formais. Minas Gerais, Acre e outros estados também relatam números alarmantes.
Como funciona o golpe?
Tudo começa com o acesso a informações públicas disponíveis nos sites dos tribunais, nome da parte, número do processo, até CPF. Com esses dados, o golpista entra em contato com a vítima e diz que ela tem direito a receber um valor judicial, como precatório, acordo ou indenização.
A conversa é convincente. O falso advogado envia documentos com logotipos de tribunais, carimbos falsos, linguagem jurídica impecável. O pedido vem com urgência: “Se não pagar agora, você perde o direito ao valor”. E aí, a vítima transfere dinheiro por Pix.
Em muitos casos, os golpistas usam até o nome verdadeiro de advogados, o que prejudica profissionais sérios e ainda confunde mais quem está do outro lado da tela.
O problema é real e atinge todo tipo de pessoa
Esse golpe não escolhe vítima. Já afetou pessoas idosas, beneficiários do INSS, funcionários públicos, e até celebridades. Em uma das ocorrências, uma aposentada de 72 anos perdeu R$ 18 mil acreditando que receberia um valor de ação trabalhista.
“Os golpistas têm estudado bem os processos e sabem exatamente o que dizer. Usam até dados confidenciais, o que dá a sensação de que é tudo verdadeiro”, explica Viviane Girardi, da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP).
O que está sendo feito?
Diante da escalada de casos, a OAB lançou a campanha nacional “Golpe do falso advogado: advocacia segura”em parceria com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e as seccionais estaduais. Um dos principais recursos é a ferramenta ConfirmADV, que permite ao cidadão verificar rapidamente se o suposto advogado que entrou em contato é realmente inscrito na Ordem.
Funciona assim: o usuário insere o número da OAB, o e-mail do advogado e o sistema envia uma notificação para que ele confirme a identidade em até cinco minutos. Se não confirmar, desconfie.
Só nas primeiras três semanas de funcionamento da plataforma, foram quase 10 mil consultas feitas pela população o que mostra o tamanho da preocupação.
Além disso, tribunais como o TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal) e o TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) têm emitido alertas regulares e criado campanhas educativas para reforçar o aviso: nenhum advogado ou tribunal pede dinheiro via Pix para liberar valores judiciais.
Como se proteger
•Desconfie de contatos inesperados com promessas de valores a receber;
•Nunca realize transferências por Pix ou TED sem confirmar diretamente com seu advogado de confiança;
•Verifique o número da OAB no site oficial da Ordem ou use o sistema ConfirmADV;
•Peça sempre para retornar a ligação por canais oficiais, como telefone fixo do escritório;
•Registre boletim de ocorrência caso sofra tentativa de golpe.
Para advogados: um novo cuidado necessário
Profissionais também precisam se proteger. A orientação da OAB é que escritórios deixem claro, em contrato, quais são os canais de cobrança e nunca utilizem mensagens informais para solicitar pagamentos. Muitos têm adotado também a inclusão de avisos nos sites, redes sociais e até nos e-mails institucionais, informando que não fazem solicitações de dinheiro por WhatsApp.
Informação é proteção
O golpe do falso advogado é mais um exemplo de como o crime se reinventa. Ele une tecnologia, manipulação psicológica e brechas na comunicação para enganar.
Mas a boa notícia é que a informação ainda é a melhor forma de defesa. Desconfie, confirme, e compartilhe esse alerta. Pode ser que, com uma simples dúvida, você salve alguém de perder muito mais que dinheiro: a confiança no sistema de Justiça.

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